Após ter sido entrevistado no programa SOS Terra integrado no evento mundial denominado por Live Earth, no passado dia 8 de Julho, devido a actividades que desenvolvi na área da educação ambiental, e depois de ter desfrutado de umas meras 3 horas de sono, revesti-me de um pragmatismo crítico e teci algumas considerações na companhia do caríssimo Nero que, a uns poderão parecer maquiavélicas e pessimistas, e para outros serão apenas realistas.

A ideologia ecológica é das mais difundidas a nível político-partidário, e é exactamente por isso que grupos partidários como Os Verdes praticamente não têm expressão política. O seu espaço no espectro político é ocupado precisamente pelos partidos com maior expressão, que hoje em dia possuem departamentos específicos que lidam com as questões relacionadas com a ecologia, impregnando-a na sua doutrina e programas.
Essa difusão da ideologia ecológica fez com que nos últimos anos se tenha tornado politicamente correcto afirmar que se tem preocupações ecológicas e ambientais, o que levou a que praticamente todos digam que são ecologicamente in.
Ultimamente as alterações climáticas constituem a questão ambiental que tem sido alvo de maior atenção por parte dos mais diversos indivíduos e meios sociais, políticos, académicos e cientifícos.
Sobre essa, Al Gore realizou o filme “Uma Verdade Incoveniente”, e graças a uma campanha de marketing extremamente cuidada e planeada goza neste momento de um estatuto invejável junto das massas, que só agora começam a pensar nestas questões, e junto daqueles que ainda se regem por utópicas ideologias que já não fazem sentido nenhum nas sociedades contemporâneas. Foi até convidado especial na cerimónia de entrega dos Óscares de Hollywood, devido às suas manifestas “preocupações ambientais”, onde praticamente assumiu a sua candidatura à Casa Branca.
Prosseguindo a sua campanha decidiu organizar o Live Earth, um gigantesco acontecimento que por todo o globo contou com vários concertos cujas receitas revertem a favor da fundação criada por Al Gore.
Bom...É incrivel como se realizam eventos completamente absurdos, impregnados de um utopismo desprezível, que não se propõem a resolver seja o que for, e que apenas servem para angariar fundos cujos destinos são desconhecidos. Criam-se fundações e fachadas para permitir a transacção desses fundos que na grande maioria dos casos não são utilizados para o fim a que aparentemente se destinam.
E todos estes milhões de pessoas que se manifestaram, e todos os que estiveram na organização do evento, no dia seguinte vão continuar sem se importar com as questões relacionadas com o ambiente.
Só quando for economicamente proveitoso para governos e empresas é que serão tomadas acções de relevo a nível global para minorar as alterações climáticas.
Há que reconhecer mérito a Al Gore, que se não leu “A Psicologia das Massas” de Gustave Le Bon, certamente tem alguém na sua equipa que o fez. Tem conseguido manipular as massas e a opinião pública, seduzindo-as através de uma questão que a todos deve preocupar, de que inteligentemente se aproveita para efectivar a candidatura a Presidente dos Estados Unidos da América, que se adivinha coroada de êxito.