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Arena de degladiação de raciocínios
sábado, março 17, 2007
Acto III, Cena I






Dentro do Capitólio, os conspiradores que se autodenominavam de "Liberatores" reúnem-se à volta de César, simulando uma petição. Depois, sem aviso, todos apunhalam César até à morte:

"METELO — Não há voz mais valiosa do que a minha que aos ouvidos do grande César soe mais agradavelmente, para a volta do meu banido irmão?

BRUTUS — Beijo-te as mãos César, mas sem lisonja, desejando que Públio Címber possa em breve tempo no gozo entrar de plena liberdade.

CÉSAR — Como? Brutus!

CÁSSIO — Perdão, César! Perdão! A esses pés se ajoelha, humilde, Cássio, para a volta pedir de Públio Címber.

CÉSAR — Se eu fosse vós, pudera comover-me. Se eu soubesse pedir, também seria maleável aos pedidos. Mas sou firme como a estrela do norte, cuja essência constante e inabalável não encontra paralelo no vasto firmamento. Ornam os céus inúmeras faíscas, de fogo todas e indizível brilho; mas uma apenas de lugar não muda. Assim, no mundo: de homens está cheio, homens de carne e sangue e inteligência. Mas, em tamanha cópia, um só, conheço que, inatacável, seu lugar não deixa, sempre surdo a pedidos: sou esse homem. Deixai-me, pois, mostrar agora um pouco que, ao banir Címber, fui constante, como constante sou, no exílio conservando-o.

CINA — Ó César!...

CÉSAR — Fora daqui! Queres virar o Olimpo?

DÉCIO — Grande César!...

CÉSAR — Brutus não se ajoelhou sem obter nada?

CASCA — Braços, falai por mim.

(Apunhalam César.)

CÉSAR — E tu, Brutus? Então, que morra César." (Morre.)