O Coliseu hit counter
Arena de degladiação de raciocínios
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Abortismos

Não vou bater mais no ceguinho, por isso não irei esgrimir qualquer tipo de argumento relativo à minha posição, que é óbvia. Além disso estou absolutamente saturado com este tema (dar razão ao PCP não é algo que me agrade muito, mas tenho que concordar que esta questão não deveria ser referendada)!
No entanto, durante as campanhas, os prós, os contras, as propagandas sempre demagógicas, os discursos dos/ as protagonistas e enfim, durante toda a selvajaria informativa e desinformativa, mantive-me sossegadito numa postura meramente contemplativa e analítica de contínuo registo. Foi precisamente isso que me motivou a salientar aqui o decorrer de alguns pormenores interessantes. Ora vejamos:

1- A “Posição Nim” do PSD: é a posição híbrida e cobarde de um partido cuja figura proeminente é um pequeno quisto. Aliás, as últimas escolhas para o leme deste partido não foram as mais famosas, sintomático de um grave problema de recursos humanos...

2- A pujança da Igreja Católica (e claro dos seus apêndices politico-sociais). É claro que Portugal sempre foi um país católico, conservador e agrário, mas mesmo assim fiquei surpreendido com a influência que estes tipos ainda são capazes de mover. Abandonados (pelo menos como argumento principal) os dogmas do pecado e do inferno com demónios com chifres e asinhas de morcego a correr nús à volta de fogueiras, bradindo seus órgãos reprodutores dignos de causar inveja a um cavalo que usam para flagelar as mulheres ímpias que abortaram, optaram nesta campanha pela estratégia da radicalização sub-reptícia. São dignas de registo as seguintes táticas:

2.1- A “Carta do Bebé-aborto”: um simpático prospecto propagandístico do “Não” em forma de livrete cor-de-rosa que continha a carta de um feto abortado dirigida à sua mãe, e que foi enfiada nas mochilas de (pelo menos) 750 crianças de 4/ 6 anos que frequentam uma creche pública em Setúbal que é dirigida pelo centro paroquial. Entre as frases de mais impacto, a minha preferida é: “porque é que me cortaste aos bocados e me enfiaste dentro de um balde” (isto só por si é incoerente já que um feto de 10 semanas não tem muito por onde cortar). Ao que parece, o objectivo seria usar mão-de-obra barata (os putos) como veículo de propaganda para lobotomizar os pais.

2.2- O “Action-feto”: distribuído livremente nas grandes cidades e vendido (discretamente) a 1€ nas terrinhas. É um boneco muito parecido com um Action-man (embora um pouco mais pequeno e sem o lança-rockets). Tentaram sensibilizar-me desta maneira à porta dos Armazéns do Chiado, clamando que era uma vida, blá, blá. Abismado com o que via, só consegui responder à “jovem tia” que tinha ar de quem já tinha feito 4 ou 5 abortos em Espanha, que apenas há algumas horas atrás tinha defecado algo 10 vezes maior do que o “Action-feto”. Creio que a desiludi...

2.3- A “Crusada da Arregimentação”, que consistia na assinaturazita compulsória para os movimentos do “Não” à saída da missa. Quem quisesse ser santo também podia dar uma ajudita financeira para a ajuda da compra dos caramelos em Badajoz quando a próxima excursão de freiras fosse lá abortar em massa.

3- A fraca campanha do “Sim”: para além de bandos de esquerdóides com ar de artistas de circo piolhosos que são adversos ao banho, de um inverosímil Major Valentim Loureiro (o que atribui aos movimentos uma credibilidade duvidosa) e de uma certa abnegação do Primeiro-ministro, pouco mais vi.

4- Por último, o melhor: A posição pública de Manuel Costa Pinto, padre de Viseu. Ameaçado pela excomungação por tornar público que votará “Sim”, afirma que para além de não haver nenhum dogma católico escrito e reconhecido que afirme que a vida começa com a fecundação, irá seguir o exemplo de Jesus Cristo, isto é, irá agir de acordo com a sua consciência.

Peço desculpa pelo post um tanto longo. Tal não é meu hábito, mas estava com insónias.

3 Comments:
Blogger Ana Marques said...
E não mencionaste o caso das criancinhas que iam saltitando alegremente a caminho da escola até que foram abordadas por uma mulher quarentona que lhes oferece dvd's e uns quantos "Action-fetos". As crianças viram o mini-filme e ainda em choque foram a correr entrega-lo à professora.
Para quem nunca viu estes pequenos filmes o que se vê é: sangue, sangue e sangue. São misturadas imagens de abortos efectuados num periodo inicial da gestação e abortos de bébés já com 9 meses.
As crianças da escola básica obviamente que não estavam preparadas para ser expostas a este tipo de video.
Há dúvidas de quem joga sujo?

Blogger Ana Marques said...
Ah... Eu estava a trabalhar enquanto li o teu post, tive um ataque de riso, chorei, rebolei no chão, comentei e quase fui despedida!

Blogger Nero said...
Oooops!...